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    Entrevista

    por João Azinheiro

    Daniel Haider

    co-fundador da PARALLEL VIENNA

    Entrevista a Daniel Haider um dos co-fundadores da PARALLEL VIENNA, um híbrido entre feira de arte, plataforma de exposição e estúdio de artista. Cada edição apresenta exposições organizadas por galerias comerciais e reúne iniciativas artísticas de todos os tipos – associações de arte, espaços de projetos, espaços externos e espaços artísticos.
    Ao contrário do formato habitual de stand de feira de arte, cada expositor ocupa uma sala do edifício onde a exposição será apresentada. Estas obras de arte e intervenções site-specific são o que caracterizam a PARALLEL VIENNA e fazem da feira um evento com um formato de exposição único e alternativo, fora da ideia de “cubo branco”.

    Kaveh Ahi (Managing Partner), Daniel Haider (Managing Partner), Stefan Bidner (Director Artístico). Fotografia: Irina Gavrich

    (João Azinheiro) Daniel, fala-nos um pouco acerca de ti, uma pequena introdução para os nossos leitores ficarem a conhecer-te.

    (Daniel Haider) Eu cresci em Gmunden, no norte da Áustria e saí logo a seguir ao liceu para Viena para estudar Economia e Gestão.
    Enquanto estava na Universidade, organizei vários eventos e inúmeras localizações. Sempre gostei de organizar eventos que se afastam do “mainstream” e que são visitados por pessoas com caracter e interessantes.
    Fui sugado para o mundo da arte por acidente.
    A primeira exposição que fiz foi com o meu amigo Cornelis van Almisk (é diretor de uma galeria muito boa chamada Zeller van Almsik) que se chamava “Vacant Galleries” [Galerias Vazias].
    Organizamos uma exposição coletiva num lugar vazio muito bom chamado Establshemnt Gschwander, onde o Marco Dessin desenhou um bar muito bonito de propósito para o evento.
    Teve muito sucesso mas apenas conseguimos igual o investimento. Como deu muito trabalho, com muito risco e pouco dinheiro, decidimos deixar o projeto “Vacant Galleries”.

    (JA) Em primeiro lugar, podes explicar como é que começou a PARALLEL?

    (DH) Um ano mais tarde, Max Lust (galerista), que visitou as “Vacant Galleries”, falou comigo e motivou-me a começar um novo projeto.
    Depois de ter sito apresentado ao Stefan Bidner (director artístico da Parallel Viena), nós os três decidimos começar a Parallel Vienna.
    Através de um amigo da área do imobiliário, tivemos a oportunidade de fazer a primeira feira num local incrível, um edifício abandonado, “Das Alte Telegrafenamt“.
    Depois do “projeto” ter corrido tão bem, decidimos avançar e fazer todos os anos.
    Depois do segundo ano, Max Lust saiu da Parallel Vienna, então eu, o Stefan Bidner e o Kaveh Ahi, fundamos a empresa Parallel Art GmbH que organiza a Parallel Vienna.

    (JA) Podes descrever o projeto Parallel? Em que é que consiste, quais são os objetivos e conceito?

    (DH) A ideia da Parallel Vienna, é oferecer às galerias, espaços de projeto e artistas que não conseguem expor na feira principal da cidade (a feira de arte viennacontemporary) a oportunidade de expor o seu trabalho.
    Usamos edifícios vazios todos os anos onde os participantes pagam talvez 1/10 do valor que pagariam na feira principal.
    O maior espaço que usamos tinha 20.000m2 com mais de 150 salas e mais de 600 artistas. Cada galeria (a feira é por convite) pode mostrar apenas um artista. Os espaços projeto, são num formato coletivo por natureza e podem mostrar mais do que um artista no seu espaço.
    Ainda oferecemos gratuitamente cerca de 30 salas para apresentações de artistas.
    Adicionalmente às 3 categorias principais, temos exposições especiais como por exemplo o parque de esculturas e exposições coletivas todos os anos.

    Fotografia: Kurt Printz.

    (JA) Como achas que o PARALLEL contribui para a arte contemporânea? É mais orientado para um contexto internacional ou é algo mais local?

    (DH) Nós achamos que a Parallel Vienna é muito importante para os artistas emergentes!
    Muitas galerias que participam na viennacontemporary também participam na nossa feira mas têm uma abordagem diferente relativamente aos artistas que apresentam.
    Na Parallel Vienna eles mostram mais artistas emergentes e talvez mais arte experimental. Eles usam a Parallel Vienna como uma rampa de lançamento para a sua carreira.
    Muitas vezes acontece que uma galeria mostra um artista pela primeira vez na Parallel Vienna e um ou dois anos mais tarde, mostram-no na viennacontemporary.
    Nós vemo-nos como facilitadores e apoiantes de artistas para por o seu nome no mapa.
    Temos duas universidades de arte em Viena da qual saem artistas todos os anos, mas há poucas oportunidades e galerias para mostrar os seus trabalhos.
    A Parallel Viena tenta preencher esta falha.

    (JA) Quais são os planos para o futuro da PARALLEL?

    (DH) Neste momento, estamos a trabalhar para encontrar uma nova localização para 2021 mas também estamos a planear mais eventos na Áustria por exemplo, um parquet de esculturas exterior em Gmuden no norte da Áustria ou pequenas exposições coletivas ao longo o ano.
    Para além disso estamo-nos a focar na nossa presença online e na estamos a trabalhar numa plataforma para a nossa exposição online com um “viewing room”, realidade virtual e melhorar a nossa app.
    O nosso outro objetivo futuro é organizar mais eventos; exposições coletivas ao longo do ano em diferentes localizações e se possível em outras cidades Europeias.

    Fotografia: Kurt Printz

    Kubikgallery na Parallel Vienna 2020.